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Abandono Familiar, Escolhas Erradas e Falta de Políticas Públicas: Como Proteger Nossas Crianças do Crime

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Ontem, o barulho de tiros perto de casa interrompeu a noite. Um jovem, que fez a escolha de assaltar alguém — no caso, um delegado — acabou morto. Não era nenhum inocente; ele teve sim responsabilidade por suas decisões e, infelizmente, pagou o preço mais alto possível. Mas, ao olharmos para essa tragédia, é impossível não questionar: o que acontece com uma criança para que ela cresça e se torne um adulto que escolhe o caminho do crime? A resposta, muitas vezes, está em uma combinação de fatores que incluem falta de oportunidades, ausência de políticas públicas, mas também, em muitos casos, o abandono familiar.

As escolhas de vida erradas e a responsabilidade individual

É verdade que cada pessoa é responsável pelas suas próprias escolhas. O rapaz que tentou cometer o assalto optou conscientemente por se envolver em algo perigoso — colocou em risco a vida de terceiros e a própria vida. Não podemos romantizar o crime ou pintá-lo como uma vítima ingênua das circunstâncias. Há, sim, responsabilidade pessoal.

Entretanto, precisamos lembrar que ninguém nasce sabendo manejar armas ou assaltando. Esses comportamentos violentos e ilegais são aprendidos, muitas vezes, em meio à falta de cuidado, orientação e afeto. Portanto, por mais que não possamos eximir o rapaz de sua culpa, é crucial pensar o que ou quem falhou em sua trajetória, permitindo que ele enxergasse o crime como um atalho, ainda que trágico.

O abandono familiar: mães e pais ausentes

Um dos fatores que contribui para que jovens sejam facilmente aliciados pelo crime é a desestrutura familiar. Existem muitas mães que, por diversos motivos — falta de condições financeiras ou emocionais, falta de apoio, problemas de saúde mental — acabam abandonando seus filhos ou não conseguem dar a eles o cuidado necessário. Há pais que fogem de suas obrigações, desaparecem, não assumem a paternidade ou vivem no vício, sem condições de exercer a função parental.

Essa realidade não é para justificar o crime, mas para entender como a falta de afeto e referência dentro de casa pode criar brechas enormes na formação de caráter de uma criança. Uma infância marcada pela solidão e pela sensação de não pertencimento pode levar meninos e meninas a encontrar, nas ruas ou em facções criminosas, a acolhida que nunca tiveram em casa.

O papel (ausente) do poder público

A omissão não é só familiar. Quantas vezes ouvimos falar de desvios de recursos que deveriam ser investidos na construção de creches, escolas em tempo integral, centros de convivência e na valorização de professores? Nossos políticos, muitas vezes, não usam o dinheiro público onde mais importa. Em vez de canalizarem verbas para infraestrutura, cultura, lazer e programas sociais, acabam direcionando (ou desviando) esses recursos para interesses pessoais, sustendo um sistema que não prioriza as crianças.

É indigno e revoltante constatar que poderíamos ter mais professores motivados, com salários decentes, escolas bem equipadas e programas que dessem aos jovens a chance de construir um futuro diferente. Mas, enquanto falta vergonha na cara a quem administra o dinheiro do povo, continuaremos perdendo jovens para o crime — não porque são inocentes, mas porque não veem outras saídas e não possuem alicerces familiares sólidos.

O trabalho das ONGs: um sopro de esperança

Diante desse cenário, as ONGs e projetos sociais se tornam verdadeiros faróis. São pessoas que enxergam o valor de cada criança, dedicando tempo e amor para mostrar a elas caminhos longe da violência. Oferecem reforço escolar, oficinas esportivas, artísticas, profissionalizantes. Com poucos recursos e muita vontade de transformar, essas organizações conseguem evitar que, no futuro, tantas crianças sejam engolidas pelo crime.

Contudo, mesmo as ONGs encontram limitações: sem um mínimo de parceria do poder público, sem investimentos corretos, sem a valorização da sociedade, elas podem alcançar apenas uma parte dos jovens em situação de risco.

Precisamos focar nas crianças antes que seja tarde

Uma criança não é apenas uma “miniatura” de adulto — é um ser em plena formação. Ela precisa de atenção, orientação e afeto para desenvolver valores e metas de vida. Quando essas necessidades não são atendidas em casa, o Estado poderia dar suporte, fornecendo programas de apoio, orientadores, educadores sociais. Mas, se até o básico — como merenda escolar e estrutura mínima em sala de aula — é negligenciado, não é surpresa que muitos adolescentes se tornem presas fáceis do crime.

A saída?

  1. Cobrança firme aos políticos: Exigir que recursos sejam aplicados em políticas públicas reais e eficazes, sem desvios.
  2. Suporte às famílias fragilizadas: Criar programas de acompanhamento para mães e pais que precisam de orientação e suporte emocional e financeiro para cuidar dos filhos.
  3. Valorização de quem educa: Bons salários e formação contínua para professores, além de infraestrutura escolar de qualidade.
  4. Fortalecer ONGs e projetos sociais: Incentivar doações, parcerias e ampliar o impacto de iniciativas que alcançam nossas crianças mais vulneráveis.

Conclusão: uma mudança que comece em nós

O jovem morto ontem não era um santo. Ele foi, sim, responsável pelas próprias escolhas e pagou um preço alto demais. Mas sua morte escancara a realidade de milhares de outros jovens brasileiros que crescem sem afeto, sem oportunidades, sem a presença familiar e sem o mínimo de amparo estatal.

Esta não é apenas uma questão técnica de políticas públicas, mas um apelo humano. Um grito por nossos meninos e meninas que, se bem cuidados, poderiam se tornar artistas, cientistas, doutores, pais e mães amorosos — mas que, sem apoio, podem acabar tomando rumos destruidores. O crime não será combatido apenas com armas ou prisões, mas cuidando da raiz do problema: a infância abandonada, seja pelos pais, seja pelos governantes que nos devem muito mais do que discursos.

A mudança começa ao olharmos com compaixão para nossos jovens, mas também com firmeza para aqueles que desviam recursos que deveriam salvar vidas. Que este texto seja um chamado para cada um de nós: cuide, denuncie, exija. Porque só assim construiremos um futuro onde nenhuma mãe precise chorar a morte do filho que abraçou o crime, e onde cada criança encontre na família, na escola e na sociedade o amparo necessário para se tornar um adulto digno, honesto e feliz.


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